O nome do blog "Vidasemvoltas" mudou para Japão Cultura e Turismo
Calor! Calor! Calor!
Sempre gostei mais do verão... Estação que lembra férias, passeios, praias, viagens...
As pessoas estão mais animadas, dispostas, saem mais.
Nas ruas, crianças brincam, mesas nas calçadas dos bares, que ficam cheios.
Época de piscina, praia, gente bronzeada, ginástica nas ruas, pessoas caminhando...
Uma maravilha!
Mas isso era no Brasil.
Nunca fui fã do inverno e, quando estava para vir pra cá, só falavam do frio intenso.
Tinha até um certo medo.
Mas nem foi tanto assim.
A verdade é que ninguém contou direito sobre essas estações do Japão.
Chegamos no Japão, em pleno mês de maio, num domingo à noite.
Sem falar no fuso horário, o desgaste, cansaço extremo, fomos avisados de que o encarregado iria conversar conosco, no dia seguinte pela manhã. O jeito foi tentar ajeitar algumas coisas rápido e levantar cedo.
Pois é, isso ninguém havia nos contado e esquecemos das aulas de geografia. Só depois ficamos sabendo que naquele período os dias eram mais longos e lá pelas 4 e meia da manhã já estava claro.
No primeiro ano, o verão chegou e passou sem que notássemos, pois trabalhávamos em ambiente frio o dia todo e chegávamos em casa à noite, indo dormir muito mais cedo do que no Brasil. Como aqui todo carro ou apartamento tem ar condicionado, nem sentimos tanto calor.
Logo chegou o temido inverno. Esse sim, sentimos.
Tínhamos mudado de emprego e cidade.
O apartamento tinha apenas um aparelho de ar condicionado e tivemos que comprar para outros ambientes. Aprendemos que a maioria usa aquecedor portátil, movido a querosene, muito mais barato, economizando energia elétrica. Compramos roupas próprias, que são bem em conta, afinal em um país frio, botas e casacos, que pareciam ser luxo no Brasil, são vestuários normais e acessíveis.
Bem, e aqui só passa frio se estiver andando pela rua, tudo é provido de um bom ar quente, seja carro, trem, lojas e casas.
Mas o pior foi mesmo o verão. Já não trabalhava em ambiente frio, muito pelo contrário, óleo e fumaça quente, que os poucos (ou quase nenhum) exaustores não venciam, expelindo uma onda de calor insuportável, estressante.
Nesse emprego é que a ficha caiu, o verão do Japão é bem pior que o inverno, muito mais que o verão brasileiro. Aliás, doces lembranças do verão do Brasil.
Verão daqui é infernal. Sem querer rimar, mas nunca vi coisa igual.
Se falam que o Japão é um país frio, só porque cai neve, o verão daqui não deixa nada a desejar.
Geograficamente falando, Japão é regido pela massa de ar mais quente do mundo.
Então, com o tempo fui aprendendo...
• que o verão no Japão é época de festivais de fogos de artifício, chamado "hanabi".
• que o verão é antecedido por um período de 3 semanas de chuvas, que os japoneses chamam de tsuyu.
Esse período é fresco, e eu torci muito para que continuasse chovendo, porque quando terminasse, viria aquele calorão
• que é comum, as mulheres vestirem-se de "yukata", que literalmente significa roupa de banho, mas são usados como quimonos mais frescos, e são mais leves
• que é a estação que favorece o plantio do arroz
• que é a época da escalada do Monte Fuji
E mais:
As crianças brincam de "mushitori", que significa "coleta de insetos". O mushitori é uma prática muito prezada pelos japoneses. Ajuda na educação dessas crianças, pois melhor explica as estações do ano, a responsabilidade de criar um animal de estimação, além de dar noção do ciclo da vida.
Por falar nisso, época das cigarras, preparem seus ouvidos!
Os japoneses consomem macarrão e café gelados. As latas de café são mantidas quentes no inverno e no verão, somente geladas. Estão disponíveis em lojas de conveniência ou em maquininhas de bebidas
Aprendi a gostar de café gelado, quase 4 anos depois
Macarrão gelado é uma delícia!
Os cuidados são muitos, desde o "natsubate", que significa "fraqueza que o verão causa".
No ano passado, 2010, o Japão apresentou o pior verão dos últimos anos.
Parte do desconforto é amenizado porque carros, casas, trens, lojas, enfim tudo é provido de ar condicionado.
Mas este ano...
Só vejo pessoas reclamando já no primeiro dia. E com razão, começou muito quente.
Bem, além do já tradicional racionamento de energia (chega a envolver prêmios como ISO, "International Organization for Standardization" (organização internacional para padronização), o país encontra-se em crise nuclear.
Então não se trata apenas de economia de energia.
Já tivemos apagões, mas agora são exigências.
Todos já começaram a sentir o drama no primeiro dia do verão.
As fábricas precisam economizar 15% da energia. Alguns adotaram o sistema de horário de verão, alterando horários de entrada e saída de seus funcionários. Fábricas estão mudando os dias de folga para quinta e sexta-feira, trabalhando aos sábados e domingos.
Não foi diferente onde trabalho, principalmente por ser detentora do ISO 14002 (selo ambiental), além de outro.
Algumas medidas paliativas para conter o calor estão sendo tomadas.
Residências fazem cortinas naturais, mas a curto prazo, cortinas de esteira (muito comuns por aqui, chamadas de sudare) foram colocadas para se proteger deste sol causticante.
E eu, particularmente, resolvi por em prática, o que gostaria de ter feito no verão passado, fazer uma cortina verde.
As casas já adotam as cortinas verdes, há algum tempo, que além de enfeitarem, protegem do sol.
Empresas já estão adotando a idéia. Até a prefeitura de uma cidade resolveu aderir à cortina verde, plantando "goya", um legume, como proteção ao sol.
Em nome do racionamento, nosso eletro preferido não vai ser ligado como antes.
Imagine um ambiente de trabalho como este, com diversas máquinas funcionando, a todo vapor, literalmente:
O ar condicionado não será ligado.
Mas ontem à noite, apresentou em uma das máquinas, que fica próxima a uma janela aberta, esta temperatura:
Se antes apreciávamos o frescor vindo daqui:
Hoje, somos obrigados a usar os antigos - recém-adquiridos - ventiladores, que estão por toda parte, onde trabalho:
O setorzinho que trabalho, tem a recomendação de utilizar o ar, entre 20 a 25 graus.
Hoje, a exigência passou para 27 graus (escrito a mão mesmo.
E ainda estamos no começo, imagine como será no mes de agosto, que é o pico do calor.
Haja reclamação!
As pessoas estão mais animadas, dispostas, saem mais.
Nas ruas, crianças brincam, mesas nas calçadas dos bares, que ficam cheios.
Época de piscina, praia, gente bronzeada, ginástica nas ruas, pessoas caminhando...
Uma maravilha!
Mas isso era no Brasil.
Nunca fui fã do inverno e, quando estava para vir pra cá, só falavam do frio intenso.
Tinha até um certo medo.
Mas nem foi tanto assim.
A verdade é que ninguém contou direito sobre essas estações do Japão.
Chegamos no Japão, em pleno mês de maio, num domingo à noite.
Sem falar no fuso horário, o desgaste, cansaço extremo, fomos avisados de que o encarregado iria conversar conosco, no dia seguinte pela manhã. O jeito foi tentar ajeitar algumas coisas rápido e levantar cedo.
Mas no dia seguinte, achei que o relógio tinha parado.
Já estava claro e o relógio marcava 5 da manhã. Conferimos todos os relógios (estariam todos parados?), olhamos para a rua e ainda não havia uma viva alma sequer perambulando. Aí ficou a dúvida: será que fica claro tão cedo assim, no Japão?Pois é, isso ninguém havia nos contado e esquecemos das aulas de geografia. Só depois ficamos sabendo que naquele período os dias eram mais longos e lá pelas 4 e meia da manhã já estava claro.
No primeiro ano, o verão chegou e passou sem que notássemos, pois trabalhávamos em ambiente frio o dia todo e chegávamos em casa à noite, indo dormir muito mais cedo do que no Brasil. Como aqui todo carro ou apartamento tem ar condicionado, nem sentimos tanto calor.
Logo chegou o temido inverno. Esse sim, sentimos.
Tínhamos mudado de emprego e cidade.
O apartamento tinha apenas um aparelho de ar condicionado e tivemos que comprar para outros ambientes. Aprendemos que a maioria usa aquecedor portátil, movido a querosene, muito mais barato, economizando energia elétrica. Compramos roupas próprias, que são bem em conta, afinal em um país frio, botas e casacos, que pareciam ser luxo no Brasil, são vestuários normais e acessíveis.
Bem, e aqui só passa frio se estiver andando pela rua, tudo é provido de um bom ar quente, seja carro, trem, lojas e casas.
Mas o pior foi mesmo o verão. Já não trabalhava em ambiente frio, muito pelo contrário, óleo e fumaça quente, que os poucos (ou quase nenhum) exaustores não venciam, expelindo uma onda de calor insuportável, estressante.
Nesse emprego é que a ficha caiu, o verão do Japão é bem pior que o inverno, muito mais que o verão brasileiro. Aliás, doces lembranças do verão do Brasil.
Verão daqui é infernal. Sem querer rimar, mas nunca vi coisa igual.
Se falam que o Japão é um país frio, só porque cai neve, o verão daqui não deixa nada a desejar.
Geograficamente falando, Japão é regido pela massa de ar mais quente do mundo.
Então, com o tempo fui aprendendo...
• que o verão no Japão é época de festivais de fogos de artifício, chamado "hanabi".
Muitos festivais são realizados no verão do Japão
• que o verão é antecedido por um período de 3 semanas de chuvas, que os japoneses chamam de tsuyu.
Esse período é fresco, e eu torci muito para que continuasse chovendo, porque quando terminasse, viria aquele calorão
• que é comum, as mulheres vestirem-se de "yukata", que literalmente significa roupa de banho, mas são usados como quimonos mais frescos, e são mais leves
Além de muitos festivais e as mulheres usando e abusando da vestimenta de verão: yukata.
• que é a estação que favorece o plantio do arroz
E mais:
As crianças brincam de "mushitori", que significa "coleta de insetos". O mushitori é uma prática muito prezada pelos japoneses. Ajuda na educação dessas crianças, pois melhor explica as estações do ano, a responsabilidade de criar um animal de estimação, além de dar noção do ciclo da vida.
Por falar nisso, época das cigarras, preparem seus ouvidos!
Os japoneses consomem macarrão e café gelados. As latas de café são mantidas quentes no inverno e no verão, somente geladas. Estão disponíveis em lojas de conveniência ou em maquininhas de bebidas
Aprendi a gostar de café gelado, quase 4 anos depois
Macarrão gelado é uma delícia!
Os cuidados são muitos, desde o "natsubate", que significa "fraqueza que o verão causa".
No ano passado, 2010, o Japão apresentou o pior verão dos últimos anos.
Parte do desconforto é amenizado porque carros, casas, trens, lojas, enfim tudo é provido de ar condicionado.
Mas este ano...
Só vejo pessoas reclamando já no primeiro dia. E com razão, começou muito quente.
Bem, além do já tradicional racionamento de energia (chega a envolver prêmios como ISO, "International Organization for Standardization" (organização internacional para padronização), o país encontra-se em crise nuclear.
Então não se trata apenas de economia de energia.
Já tivemos apagões, mas agora são exigências.
Todos já começaram a sentir o drama no primeiro dia do verão.
As fábricas precisam economizar 15% da energia. Alguns adotaram o sistema de horário de verão, alterando horários de entrada e saída de seus funcionários. Fábricas estão mudando os dias de folga para quinta e sexta-feira, trabalhando aos sábados e domingos.
Não foi diferente onde trabalho, principalmente por ser detentora do ISO 14002 (selo ambiental), além de outro.
Algumas medidas paliativas para conter o calor estão sendo tomadas.
Residências fazem cortinas naturais, mas a curto prazo, cortinas de esteira (muito comuns por aqui, chamadas de sudare) foram colocadas para se proteger deste sol causticante.
E eu, particularmente, resolvi por em prática, o que gostaria de ter feito no verão passado, fazer uma cortina verde.
As casas já adotam as cortinas verdes, há algum tempo, que além de enfeitarem, protegem do sol.
Empresas já estão adotando a idéia. Até a prefeitura de uma cidade resolveu aderir à cortina verde, plantando "goya", um legume, como proteção ao sol.
Cientificamente conhecido como momordica, goya tem vários nomes populares como nigauri ou nigagori no Japão. Ainda verde é saboreado como legume, além de várias propriedades medicinais. É conhecido no Brasil como melão do mato, melão de São Caetano, entre outros.
Em nome do racionamento, nosso eletro preferido não vai ser ligado como antes.
Imagine um ambiente de trabalho como este, com diversas máquinas funcionando, a todo vapor, literalmente:
O ar condicionado não será ligado.
Mas ontem à noite, apresentou em uma das máquinas, que fica próxima a uma janela aberta, esta temperatura:
Se antes apreciávamos o frescor vindo daqui:
Hoje, somos obrigados a usar os antigos - recém-adquiridos - ventiladores, que estão por toda parte, onde trabalho:
O setorzinho que trabalho, tem a recomendação de utilizar o ar, entre 20 a 25 graus.
Hoje, a exigência passou para 27 graus (escrito a mão mesmo.
E ainda estamos no começo, imagine como será no mes de agosto, que é o pico do calor.
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Comentários
Amei o post. Gosto de saber de histórias vividas. Fico com pena de vcs. Não suporto calor! A sorte é que são só 3 meses!!! rsrs
Essas cortinas de plantas são geniais. Tinha lido sobre elas há algum tempo num depoimento de arquitetos canadenses.
Muitos girassóis hj pra vc.
Beijos
Eu também antes de vir para cá temia o frio que todos diziam, o calor pensava que do Brasil era o pior mas nada... rs Quando eu cheguei não tinha ar condicionado e sofria de natsubate. Na minha cabeça já pensava que o calor do Japão era o pior do mundo mas quando fui pra Dubai, aí sim senti que o calor daqui não é nada... rs Cheguei lá de madruga e já estava 45 graus. Não podia sair pra calçada que já começava a pingar rs
Bom verão pra você!