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Kōkichi Mikimoto, o Rei das Pérolas e o eterno companheiro

"Eu gostaria de enfeitar o pescoço de todas as mulheres do mundo com pérolas",  frase de Kokichi Mikimoto quando finalmente conseguiu produzir uma pérola redonda.
Um sonho que se realizou graças à determinação de Mikimoto. Hoje as mulheres podem ter as mais belas e perfeitas pérolas. Isto só foi possível depois de uma longa história.
Mikimoto tem em sua história de empreendedorismo, fracassos, determinação, persistência e superação. Passou por vários obstáculos, mas jamais se rendeu aos golpes para alcançar seu objetivo; muito pelo contrário, os desafios o estimularam ainda mais nessa busca.
Minha intenção neste post não é copiar ou basear-se nas diversas biografias de Mikimoto disponíveis na net e sim, falar sobre o lado pessoal, de forma sucinta, que está no Memorial Hall de Pearl Mikimoto, a Ilha das Pérolas de Mikimoto, Pearl Mikimoto - que conto na próxima postagem - localizado em Toba, Mie. 
Fotos, esculturas, manuscritos, vídeos, móveis, objetos e reproduções da época contam uma história encantadora.
O filho mais velho de um proprietário de udonya - casa de udon, uma variedade de macarrão japonês -  que não continuaria o empreendimento familiar -  carrega em seu lado pessoal, uma história de preocupação com a família - deixou de estudar, aos 13 anos de idade para ajudar no orçamento familiar -, de lealdade e do eterno companheiro.
Na foto acima, fachada da loja de seus pais. Abaixo, objetos do udonya, que fora atividade dos pais de Mikimoto.

Natural de Toba, em Mie, região produtora de ostras, atividade que Mikimoto tinha paixão desde a infância, certo dia foi a Tokyo. Visitou lojas e descobriu como as pérolas eram caras. Foi então que decidiu empreender nelas, passando a dedicar-se no cultivo, com total apoio de sua esposa.

Mikimoto casou-se com a jovem de 17 anos, Ume, filha mais velha do samurai Kume Morizo. Tiveram cinco filhos. Juntos, formaram um casal empreendedor, onde Ume incentivou e trabalhou junto aos objetivos do marido.

Mikimoto e a esposa fizeram um empréstimo para dar início ao sonho: cultivar ostras para produção de pérolas.
Ume trabalhou fielmente ao lado de Mikimoto, acompanhando todas as experiências, decepções, erros, esforços e complicações impostas pela natureza.
Trabalharam arduamente em busca do sonho. Porém, como toda história de persistência existem obstáculos, certa vez, a maré vermelha tomou conta de sua produção. 

Maré vermelha é um raro fenômeno de acidente ecológico, causado por algas em excesso, que acabam destruindo plantas ou animais aquáticos, deixando a água na cor vermelha.

Mikimoto teria perdido toda a sua produção.
Retiraram todas as ostras da água, examinando uma a uma. Ume o ajudou incansavelmente nessa difícil tarefa e foi, pelas mãos dela, encontrada a primeira pérola salva. Depois encontraram outras cinco. Foi nesse momento que Mikimoto se animou a continuar no projeto.
E assim, seguiram buscando a perfeição, cujo objetivo era tornar a pérola redonda.

Mais tarde, a dor maior.
Sua esposa foi acometida por uma doença. Sentindo que não sobreviveria, pediu a Mikimoto que não desistisse da produção de pérolas e da busca da perfeição. 
Em três dias Ume veio a falecer, aos 32 anos de idade.
Um busto de bronze da guerreira Ume está no Memorial Hall, além de uma longa carta por ela escrita a Mikimoto.

Após a morte da esposa Ume, Mikimoto se empreendeu cada vez mais à produção de ostras e no aperfeiçoamento de pérolas.
Dedicou-se, pesquisou, estudou, fez diversas experiências, brigou por patentes, passou por outros golpes da natureza, até que alcançou seu objetivo. Fundou suas próprias lojas e prosperou.
Fez a sua cidade natal prosperar, bem como todo o Japão.
Tornou-se um dos 100 grandes empresários do Japão, foi condecorado com a Ordem do Mérito pelo governo japonês e chegou a ser chamado mundialmente de Rei das Pérolas. As pérolas que levam seu nome estão nas mais finas lojas de Ginza, em Tóquio. Além disso, existem hoje muitas lojas elegantes com a marca Mikimoto, garantia de qualidade, no Japão e em diversas partes do mundo.
Em 1951, fundou o Museu da Ilha das Pérolas de Mikimoto <<< (clique para ler), onde seu busto é o símbolo e as histórias da sua vida pessoal e da produção de pérolas são contadas.

Após a partida da amada Ume, Mikimoto nunca mais se casou.

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